Reformar ou arrendar um pasto? Dicas para embasar sua decisão.

Por diferentes motivos, muitos pecuaristas almejam reformar sua pastagem, tornando-a mais produtiva. Contudo, o alto investimento e o tempo de inutilização da área, necessários no método tradicional, inviabilizam essa possibilidade. Por isso, muitos donos de terras optam por arrendar sua área, cabendo a essa segunda pessoa o investimento na reforma da área.

 

Mas qual é a melhor opção nesse sentido? Reformar o pasto com recursos próprios ou arrendar a área? Confira mais informações, entenda os benefícios de cada uma dessas estratégias e tenha respaldo para tomar a melhor decisão.

 

 

Reforma ou recuperação da pastagem: uma necessidade da pecuária brasileira

 

Dono do 2º maior rebanho bovino do mundo, com cerca de 214,7 milhões de cabeças, o Brasil tem grande parte de seus animais alimentados a pasto. Porém, o nível de degradação das pastagens preocupa. Estima-se que mais da metade dos 173 milhões de hectares de pasto no país apresente algum estágio de degradação.

 

A degradação da pastagem acontece quando o pasto sofre uma queda na sua produtividade, vigor ou capacidade de recuperação natural, seja pela falta de nutrientes, erosão, invasão de plantas daninhas entre outros fatores,  em resumo, quando a sua capacidade de suporte já não supre as necessidades dos animais. 

 

Apesar de exigir maior investimento, a reforma completa de um pasto é recomendada quando há necessidade de trocar a espécie forrageira, quando estiver tomado por plantas invasoras de difícil controle ou quando os resultados da análise de solo indicarem que ele está muito pobre em fertilidade necessitando de correção e adubação. A reforma da pastagem consiste em práticas de preparo do solo, correção da acidez, adubação corretiva e por fim o plantio.

 

Outra estratégia é a recuperação, que conserva o solo, preserva a matéria orgânica no sistema, e tem, por vezes, um retorno rápido para retomar a utilização da área.

A recuperação pode ser feita se ainda existir pelo menos uma touceira/m² de Panicum maximum ou pelo menos duas touceiras/m² de Brachiaria spp. na área (Oliveira e Corsi, 2005).

 

Por isso, o acompanhamento da pastagem desde a sua formação e adoção de estratégias são as melhores maneiras de evitar a degradação. Entre as estratégias que podem ser adotadas para recuperação da pastagem, vale citar:

 

  1. Método Simples: investimento em reposição da fertilidade do solo, sem preparo do solo nem replantio do pasto (o rebanho pode permanecer na área). 
  2. Método Pousio: ideal para o produtor que tem poucos recursos para investir e o pasto tem forrageiras mas está superpastejado, ou no popular “rapado”, pois a pastagem somente ficará vedada e irá naturalmente retornar;

 

No entanto, há casos onde a recuperação não é possível, então será necessária a reforma que, por sua vez, custa mais caro, pois requer um investimento maior. Se for preciso, você deve investir na reforma, porém, só em casos de última necessidade, sob orientação de profissionais capacitados para tal.

 

Ao optar pela reforma, o ideal é que o dono da terra realize a tarefa de uma maneira bem-feita, priorizando o preparo, correção e fertilização de seu próprio solo. Além disso, ele terá o pasto formado em torno de 4 meses (mais rápido) após o início do preparo até a entrada dos animais na área.

 

No entanto, além do investimento inicial alto, esse método exige maquinário e mão de obra para todo o manejo. Também será preciso aguardar a venda dos animais para poder ter o retorno do investimento, o que pode levar algum tempo.

 

 

Arrendamento da pastagem: ofereça a área e deixe outra pessoa reformar

 

Apesar da reforma da pastagem ser uma excelente opção para renovar áreas degradadas e aumentar a produtividade, muitos pecuaristas não têm capital para fazer esse tipo de investimento, ou não têm ferramentas para tal. O que fazer então?  

 

Nesse caso, o arrendamento da pastagem pode ser uma solução. Ele funciona exatamente como um aluguel. O dono da terra cede a sua propriedade para uma outra pessoa por um determinado período de tempo, recebendo um valor monetário ou serviços em troca. O dono da terra irá receber, ao fim do contrato, sua área reformada, com o custo para esse processo sendo inteiramente aplicado pelo arrendatário do pasto.

 

Com essa estratégia, o dono da terra não terá custos com a reforma, recebendo seu pasto formado após determinado período. Além disso, haverá interação de outra cultura no sistema, deixando inúmeros benefícios à terra. Sendo assim, uma estratégia bastante interessante, tanto para o dono da terra quanto para o arrendador da mesma, é investir na ILPF. 

Dessa forma, entre as variadas técnicas de conservação do solo atualmente adotadas, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ganha importância, principalmente por estimular o uso da terra de uma forma bem mais proveitosa e inteligente.

 

Mas, independentemente da técnica de manejo adotada, é preciso ter cuidado. Afinal, há o perigo da reforma da área ser feita e entregue de “qualquer jeito”, ou seja, com sementes sem qualidade, fora do padrão, preparo do solo mal realizado, entre outros problemas. Exatamente por isso, é bastante importante arrendar a área para pessoas com conhecimento em agricultura, além de ter um contrato bem assessorado para que os dois lados ganhem na parceria.

 

Nesse caso, o arrendamento só é interessante se o produtor/dono da terra não estiver com pressa em usar a área, porque ela só vai ser entregue depois da colheita de determinada cultura e o estabelecimento da pastagem.  

 

 

Não tem capital? Então arrende a área, mas com ressalvas

 

Vários são os motivos pelo qual o dono da terra cede sua área para terceiros, mas o principal desses motivos é certamente a falta de capital para reformar sua pastagem. Assim, ele cede sua terra por um determinado tempo para reduzir custos de reforma de pastos. 

 

O contrato de arrendamento pode ser integral ou parcial, a depender dos interesses das partes. No entanto, a prática envolve riscos e incertezas, mas há respaldo da legislação. O Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) estabelece que os prazos dos contratos de arrendamento dependem do tipo de atividade produtiva e do estado físico da terra.

 

Também é importante ressaltar que o acordo feito entre as partes deve ser firmado em contrato com todos os detalhes incluídos. Isso ajuda a resolver conflitos que futuramente possam ocorrer. 

 

Com essa medida, condições adversas, como excesso ou falta de chuva, podem atrasar o plantio, fazendo com que o arrendatário precise da área por mais tempo ou reduzir a produção, quando muitas vezes o acordo de pagamento é com base na produção.

 

Por fim, é importante entregar a área que está precisando de reforma para uma pessoa ou empresa com capacitação e conhecimento, além de maquinário para trabalhar com agricultura. Por meio de acordo essa pessoa ou empresa irá devolver a área de pastagem formada e com alta fertilidade remanescente. 

 

Nesse caso, o dono da área não terá custos e receberá o pasto formado com qualidade, além dos benefícios de integrar uma outra cultura no sistema, sendo o arrendamento uma excelente oportunidade.

 

 

Bolsa de arrendamento (Facilitadora do encontro entre arrendatário e o proprietário)

 

Uma das principais dificuldades no ambiente de negociação rural tem relação com a dificuldade de encontrar proprietários interessados em fazer o arrendamento. Para facilitar essa negociação, o SRPP (Sindicato Rural de Presidente Prudente) desenvolveu a Bolsa de Arrendamento.

 

Essa bolsa funciona como um catalisador e facilitador que irá unir produtores que necessitam de terras para produzir e gerar empregos e riquezas na região, com proprietários de terras que necessitam de parceiros para tornarem suas áreas mais produtivas.

 

Com esse catalisador, produtores que necessitam de terra para plantar e aqueles que procuram parceiros para cultivar suas áreas têm uma ferramenta para se encontrarem e negociarem.

 

A ideia da bolsa de arrendamento é bem simples: um produtor que necessita de terras para produzir procurará o SRPP para fazer um cadastro, do mesmo modo, o proprietário que possui terras e está à procura de um parceiro também fará um cadastro no Sindicato Rural. 

 

Cabe ao sindicato reunir as duas partes, prestando assessoria jurídica e, havendo entendimento entre as partes, um contrato será celebrado para a implantação da lavoura nos termos negociados.

 

Abaixo, você pode conferir um vídeo explicativo de como fazer essa negociação de arrendamento na região de Presidente Prudente que, certamente, pode ser reproduzido em outras regiões do país.

 

 

Para saber mais sobre pastagens, te convidamos a conferir as dicas e novidades da SOESP no Blog da Semente.