Silagem de capim BRS Zuri – Uma alternativa eficiente para pecuaristas

A silagem de capim representa uma alternativa bastante viável para que pecuaristas consigam atravessar aquelas fases mais críticas do ano, onde a falta de pasto é recorrente, ou mesmo em sistemas de produção que trabalham com maiores taxas de lotação. Nesse sentido, a cultivar BRS Zuri (Megathyrsus maximus / Syn. Panicum maximum cv. BRS Zuri) é uma excelente alternativa às silagens de gramíneas tradicionais (milho e sorgo).

 

A cultivar BRS Zuri, desenvolvida pela Embrapa e comercializada através de sementes de qualidade pela Sementes Oeste Paulista (SOESP), apresenta alta produção por hectare e excelente valor nutricional, destacando-se entre as espécies forrageiras já conhecidas e possíveis de serem ensiladas.

 

Porém, para que o sucesso da silagem de capim BRS Zuri seja garantido e traga bons resultados, o produtor rural deve estar atento a algumas variáveis, como por exemplo: o tempo de corte e valor nutricional deste capim, que serão melhor apresentadas aqui no blog da Soesp.

 

O que é a silagem? 

 

Por definição, a silagem refere-se ao alimento que foi conservado por fermentação anaeróbica controlada. Esse processo garante menor perda nutricional deste alimento ao longo do tempo armazenado.

 

Devido à redução do pH e ausência de oxigênio dentro do silo, haverá uma paralisação da atividade das células vegetais, associada ao desenvolvimento de microorganismos que têm a capacidade de usar os carboidratos solúveis disponíveis no meio, em prol do seu crescimento. 

 

Estes microrganismos convertem açúcares solúveis em ácidos orgânicos (lático, acético e propiônico, entre outros), promovendo uma queda no pH, com consequente inibição de grupos microbianos indesejáveis.

 

Por que ela é tão importante?

 

Algumas regiões passam por períodos mais frios e secos no decorrer do ano e as forrageiras, além de perderem qualidade, reduzem consideravelmente sua produtividade nessas condições. Em muitos casos, a falta de alimento para os animais neste período, força os produtores a comprar ração para o fornecimento diário ou vender parte do seu rebanho a preços mais baixos.

 

Silagem de qualidade: o que devemos considerar?

 

A técnica de ensilagem eficiente segue princípios básicos:

 

  • O ponto certo da colheita merece atenção. O corte deverá ser feito na época certa, visando  a máxima qualidade nutricional, que vai variar de planta para planta e de acordo com as condições locais e do clima.
  • As gramíneas tropicais, por exemplo, apresentam diferentes composições bromatológicas de acordo com sua idade de desenvolvimento, mostrando, assim, variações na qualidade nutricional de acordo com o período  de corte.
  • Para ensilar um determinado material, o ponto de matéria seca considerado ideal é de aproximadamente 34%. Porém, no caso das forrageiras é comum a matéria seca estar abaixo de 30% quando a planta está com alta produção de folha e alto valor nutritivo, o que pode gerar alguns problemas no processo de ensilagem, como por exemplo o excesso de efluentes.
  • Especificamente para o capim BRS Zuri, um ponto de referência que podemos utilizar é a altura deste capim. Um estudo idealizado por Silvério conduzido na unidade educativa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Machado,  indicou que o corte aos 90 dias garantiu melhores teores de proteína bruta, digestibilidade e nutrientes digestíveis totais.
  • Além disso, o tamanho da partícula é também muito importante para a produção de uma boa silagem deste capim, com a forrageira devendo ser fracionada em partículas de meio a dois centímetros. Isso permite uma melhor compactação e maior densidade que ajudam na eliminação do ar do interior do silo, reduzindo a influência deteriorativa do oxigênio. Partículas de menor tamanho proporcionam disponibilidade de nutrientes essenciais para os microrganismos que promovem uma fermentação desejável, além de facilitar a mistura da silagem com outros alimentos. As práticas de carga e descarga do silo tornam-se mais fáceis também.

 

Se a matéria seca estiver abaixo do recomendado, o que fazer?

 

Os 90 dias são apenas uma referência, não significa que é o ponto exato de corte, pois a porcentagem de matéria seca pode variar em razão do clima, solo, manejo etc. Por isso verifique a matéria seca da forrageira antes do corte!

 

Se a porcentagem da matéria seca do capim no momento do corte estiver por volta de 26-27%, há a necessidade de adicionar aditivos sólidos para diminuir a perda dos nutrientes através dos efluentes. Dentre as opções de aditivos sólidos podemos citar a polpa de citros, farelo de trigo e raspa de batata, entre outros.

 

Corte feito! E agora?

 

A compactação da massa ensilada é um dos principais segredos de uma boa silagem. Ela serve para expulsar o ar de dentro da massa de forragem, que pode prejudicar a fermentação, e é por isso também que é importante vedar muito bem o silo. 

 

Vantagens da silagem de capim em comparação à silagem de milho e de sorgo

 

De fato, as silagens de milho e sorgo são as opções mais tradicionais para a produção de uma boa silagem. No entanto, o preço para a produção da silagem destes grãos está cada vez maior, principalmente com o aumento dos custos dos fertilizantes. 

 

Diante disso, a silagem de diferentes tipos de capins começa a ganhar espaço entre pecuaristas, com vantagens que estimulam sua adoção.

 

Em um primeiro momento, observa-se que a silagem de capim permite armazenar um volume considerável de alimento produzido na época das chuvas, com o excedente podendo ser ensilado e alimentando o gado na época de baixa produtividade dos pastos.

 

Além disso, a silagem de capim (como Mombaça, Tanzânia e BRS Zuri) permite uma elevada produtividade de matéria seca (MS) por hectare, quando bem manejada, e após a rebrota da forrageira, permite uma nova utilização desta área, seja para um novo corte ou para pastejo.

 

Neste contexto, o milho e o sorgo têm 15 a 20t MS/ha, respectivamente, enquanto essas forrageiras podem atingir valores estimados que podem chegar a até 40 ton MS/ha. Além dessa questão, vale considerar a menor limitação topográfica para produzir esses capins perenes, principalmente quando comparados com o milho e o sorgo.

 

No entanto, há algumas desvantagens, tais como o menor teor de carboidrato e matéria seca, como salientado anteriormente, exigindo o uso de inoculantes e aditivos, responsáveis por ajudar no processo de fermentação.

 

 

Cultivar BRS Zuri: principais características produtivas e exigências

 

Segundo a Embrapa, a BRS Zuri é uma gramínea cespitosa (forma touceiras), que costuma ser manejada preferencialmente sob pastejo rotacionado, com altura de entrada de 70-75 cm e altura de saída de 30-35 cm.

 

Porém, pode atingir altura média de 1,5 m, sendo caracterizado por possuir excelente digestibilidade e aceitabilidade pelos animais. 

 

Para a silagem, o capim BRS Zuri possui um teor de proteína bruta variando entre 10 a 16% e uma produção média de forragem na faixa de 20 a 28 toneladas de MS/hectare/ano.

 

Porém, deve-se lembrar que essa é uma forrageira que apresenta alta exigência em fertilidade e manejo, possuindo baixa tolerância à seca e média tolerância ao encharcamento temporário.

 

Mas, de modo geral, quando comparado ao capim Mombaça (também utilizado para processos de ensilagem), o capim BRS Zuri apresenta resultados de proteína bruta e densidade volumétrica de folha mais vantajosos, como visto na tabela abaixo, resultado do trabalho científico realizado sob condições de semiárido (Ribas et al. 2020).

 

Tabela. Média da composição químico-bromatológica e características estruturais de acordo com o tratamento.

capim zuri

Fonte: Sá, C. L., Costa, M. D., Gomes, V. M., Carvalho, C. C. S., Ruas, J. R. M., Bispo, G. E., … & Alves, W. S. (2020). Comportamento ingestivo de equinos em pastagens com Panicum maximum Jacq. na região do semiárido de Minas Gerais. Medicina Veterinária (UFRPE), 14(2), 133-140.

 

Vale a pena investir na ensilagem de capim BRS Zuri?

 

Diante do atual momento, principalmente com a alta do valor de venda do milho, que chegou a R$ 99,00 na região de Campinas e R$ 100,00 em Cascavel (PR) ao longo da safra 20/21, muitas propriedades que atuam em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) estão optando por comercializar os grãos ao invés de fazer a silagem. 

 

Para que isso ofereça bons resultados da integração, elas passam a adotar outra alternativa para manter a qualidade da alimentação do gado. Neste caso, a silagem do capim BRS Zuri é, sim, uma ótima alternativa.

 

Quando utilizamos o milho para silagem, temos uma preocupação muito grande com o ponto ótimo de colheita. Já com o capim BRS Zuri, há também um ponto ótimo, porém ele é mais flexível, com uma janela mais longa para sua colheita, com uma semana a mais ou a menos, não trazendo problemas à qualidade da silagem. Então isso nos traz uma segurança maior caso ocorra algum imprevisto nos dias que antecedem o corte da forrageira.

 

Dessa forma, quando o produtor consegue manejar um excelente sistema de produção, desde o plantio da forrageira até o fechamento do silo, o capim BRS Zuri será uma importante opção para produção de uma silagem de ótima qualidade, permitindo alcançar todas as vantagens citadas neste artigo.

 

 

Para entender mais, te convidamos a conhecer as novidades do nosso Blog da Semente (https://www.sementesoesp.com.br/blog/).