4 Dicas para um melhor manejo de pastagem

Estamos em plena época das águas, a época mais esperada pelos pecuaristas, já que o pasto volta a ficar verde e bem mais produtivo. Para que as expectativas sejam atendidas, é fundamental ter um bom manejo de pastagem.

 

Não basta somente adubar o pasto e soltar o gado no piquete, é preciso planejamento!

 

Uma das grandes dificuldades que o pecuarista enfrenta é realizar manejo de pastagem correto e eficiente, ou seja, colher com a máxima eficiência aquilo que a forrageira produz.

 

Conheça no artigo de hoje 4 dicas sobre as formas mais eficientes de manejo de pastagem.

 

1. Quais seus objetivos do manejo de pastagem?

 

Geralmente são 2 objetivos do manejo de pastagem que todo pecuarista precisa priorizar:

 

  • Aumentar a vida útil da pastagem, tornando-a mais produtiva por muito mais tempo.
  • Máxima produção de forragem – onde os animais tenham bom desempenho com o maior ganho de peso possível na área.

 

Esses objetivos parecem ser contraditórios, já que de um lado a ideia é poupar a planta para que ela tenha uma vida útil mais longa, enquanto de outro se quer extrair o máximo de forragem da área com a maior qualidade possível, de modo que a produção aumente. Apesar disso, é possível conciliar esses objetivos.

 

Dentro do manejo de pastagem existem 2 pontos muito importantes a se priorizar: a correta nutrição da planta de acordo com sua produtividade (análises de solo junto com a adubação) e o manejo de entrada e saída dos animais de acordo com as alturas de pastejo indicadas a cada cultivar.

 

Priorizando esses fatores, a tendência é que a pastagem atinja a produtividade esperada.

 

2. Componentes que definem o sucesso do manejo de pastagem

 

Outra importante dica para o correto manejo de pastagem é conhecer corretamente alguns componentes que contribuem com o sucesso desta importante etapa:

 

Pressão de pastejo

 

Definida pela intensidade com que a forrageira será utilizada, ou seja, é a quantidade de peso vivo (unidade animal) presente sobre a pastagem. Esse componente é determinante para a quantidade e a qualidade da forragem disponíveis.

 

Período de ocupação

 

Período em que os animais ficam em cada piquete. Este período costuma ser definido no sistema através da disponibilidade de forragem de qualidade. Não é indicado que se defina este período através de “dias de ocupação”, pois a definição prévia de “dias de ocupação” pode sofrer variações por influência do clima (ocorrências de chuvas, temperatura etc.).

 

Período de descanso

 

Definido como o espaço de tempo em que a forragem não está sendo pastejada. É durante este período que a planta se recupera e começa a produzir massa novamente após o pastejo.

 

É importante salientar que a definição destes três componentes dependerá da altura da entrada e da saída dos animais da pastagem.

 

Este número, (em cm) costuma variar entre as diversas variedades de forrageiras. A tabela a seguir apresenta alguns desses valores.

 

Recomendação (em cm) Altura de Entrada Altura de Saída
Mombaça 90 30 a 50
Zuri 70 30 a 50
Marandu 30 10 a 15
Xaraés 35 15

 

Dica: durante o período de descanso, a pastagem deve receber uma adubação nitrogenada, a fim de acelerar o processo rebrota e  produção de massa.

 

3. Primeiro pastejo: uniformizar a altura da pastagem

 

A formação da pastagem é, sem dúvidas, uma das etapas mais importantes, mas tão importante como a formação é o primeiro pastejo, já que ele irá contribuir com a continuidade da formação da pastagem.

 

O primeiro pastejo  tem como objetivo inicial a uniformização da altura da pastagem.

 

Vale lembrar que as plantas não germinam e nem crescem na mesma altura, por isso há a necessidade de começar de um ponto correto, principalmente na altura correta.

 

Esse primeiro pastejo deve ser feito quando a planta atingir aproximadamente 80% da altura recomendada para pastejo.

 

Brachiaria brizantha Marandu, por exemplo, costuma ter altura máxima de manejo de  30 cm, por isso deve receber o primeiro pastejo com cerca de 25 cm.

 

Já o capim Zuri , costuma ter uma altura de entrada de  70 cm e de 35 cm para saída, assim o primeiro pastejo deve ser de 60 e 40 cm, respectivamente.

 

Esse cuidado estará “poupando a planta”.

 

Isso pode acontecer entre 40 e 90 dias após a germinação da pastagem recém-formada, dependendo das condições de temperatura e umidade.

 

O segundo objetivo de um primeiro pastejo eficiente é estimular as gemas que estão na sua base, aumentando a quantidade de perfilhos e tornando a planta mais vigorosa e com capacidade de cobrir o solo mais rapidamente, ganhando a competição com as plantas daninhas.

 

Por isso, assim que a planta atinge a altura, a recomendação é não deixar que ela passe do ponto, nem espere que venha uma ressemeadura.

 

Confira aqui a entrada de altura e de saída dos panicum e brachiarias.

 

4. Pastejo contínuo ou rotacionado?

 

Uma dúvida bastante comum quanto ao manejo de pastagens é a escolha entre o pastejo contínuo ou rotacionado dos animais na área. Qual escolher?

 

Muitos produtores optam pelo pastejo contínuo, principalmente pelo menor custo operacional e a necessidade reduzida de mão de obra.

 

Nele, os animais permanecem  no mesmo piquete, mantendo uma altura média de pastejo e variando a quantidade de animais na área.

 

Já no pastejo rotacionado, os animais ficam no piquete por determinado período, respeitando a rebrota do capim, passando para um piquete seguinte.

 

Por isso, no pastejo rotacionado é preciso avaliar o ponto de saída dos animais e decidir o próximo piquete para onde eles vão. Além disso, o pastejo rotacionado necessita de maior divisão de áreas,  cercas e aguadas.

 

O pastejo rotacionado, quando bem manejado, tende a ser mais eficiente.

 

Cultivares como Panicum maximum (Mombaça, Zuri, Tanzânia) por exemplo, são sempre mais eficientes no uso do pastejo rotacionado, pois seu crescimento é muito intenso e caso ultrapasse a altura de entrada para pastejo, esse capim produzirá talos muito grossos de difícil digestão pelo animal, tornando o pasto impossível de ser consumido e com baixa qualidade, sendo necessário fazer uma roçada para voltar a ter folhas e boa produtividade.

 

Já as pastagens que têm crescimento menos intenso e com menos produção de talos, caso dos capins Paiaguás, Marandu e Decumbens, podem ser manejadas continuamente ou alternadamente. Para ter um bom manejo contínuo é importante estar monitorando a altura do pasto para que ele se mantenha acima do ponto de saída, retirando animais quando necessário. Esse tipo de pastejo muitas vezes prejudica o pasto e a qualidade da forragem, quando não for feito com acompanhamento técnico.

 

Porém, vale ressaltar que o pastejo rotacionado, na grande maioria dos casos, proporcionará o maior aproveitamento da pastagem, com maior produção e qualidade possível.

 

Dessa forma, na escolha da utilização do manejo contínuo ou rotacionado, o pecuarista precisa considerar a espécie forrageira utilizada, a capacidade de tecnificação e mão de obra da propriedade, além da capacidade de gestão do pecuarista. O mais importante é sempre fazer contas dos custos, que muitas vezes parecem caros, mas seu retorno faz ser economicamente viável o investimento.

 

Quer saber mais sobre primeiro pastejo? Confira o nosso vídeo do Minuto SOESP.