Café, mamão e cacau são mais produtivos com a brachiaria

Com o avanço de novas técnicas de manejo do solo, da crescente preocupação com a sustentabilidade e das pesquisas na área, as práticas de integração (ILPF) ganham novas possibilidades, adequando a porção da pastagem, como a brachiaria, na formatação de projetos agropecuários e agroflorestais.

 

A pastagem é um dos componentes mais importantes da grande maioria dos sistemas de integração e já é bem conhecida sendo usada com soja e milho, mas os sistemas de integração ditos não tradicionais e que fazem uso da pastagem podem aproveitar o aumento de produtividade também. A seguir serão apresentados alguns desses sistemas.

 

1. Cafeeiro + brachiaria

 

 

O consórcio do cafeeiro com brachiaria parece ser uma tendência na cafeicultura. Nesse sistema, a brachiaria é manejada na entrelinha do cafeeiro, respeitando uma distância de 1 metro de cada lado da linha, a fim de não haver competição com o cafeeiro.

 

Esse sistema de produção é utilizado para permitir um aporte de resíduos sobre o solo, melhorando os atributos físicos, químicos e biológicos, inclusive em profundidade, pela ação das raízes das plantas em rotação ou consorciada.

 

Nesse sistema, durante o corte da brachiaria, o resíduo é lançado na linha do cafeeiro, como a palhada, aumentando a produtividade do café através da:

 

  • Supressão de plantas daninhas.
  • Proteção do solo contra o impacto direto da chuva, evitando erosão.
  • Proteção do aquecimento do solo, diminuindo a temperatura.
  • Aumento da umidade do solo, reduzindo a evaporação de água.
  • Aumento do teor de matéria orgânica no solo, melhorando ciclagem de nutrientes, entre outros benefícios.

 

Nesse sistema é recomendado realizar o plantio da pastagem com antecedência, deixando a brachiaria já formada, e, somente após isso, realizar o plantio do café. No entanto, normalmente as lavouras são arrancadas em julho/agosto e o novo plantio já será realizado em novembro.

 

Nesse caso, deve-se optar por semear a brachiaria o quanto antes possível, podendo ser realizado o semeio após a abertura do sulco, ou antes da abertura, sendo este último preferido por alguns técnicos.

 

É muito importante que a linha do cafeeiro esteja sempre limpa, realizando capina manual ou aplicação de herbicidas, respeitando a distância de 1 metro de cada lado da linha.

 

Quando for realizada a roçada, a palhada da brachiaria deverá ser cortada e lançada na linha de plantio do café, ou seja, para baixo da “saia do café”.

 

2. Mamoeiro + brachiaria

 

Por apresentar um ciclo relativamente curto, em média dois a três anos de vida, o mamoeiro pode ser consorciado com diversas culturas permanentes, as quais serão formadas a um custo relativamente baixo, reduzindo os custos com a irrigação e a adubação.

 

Assim como ocorre com o café, as coberturas vegetais desempenham papel bastante importante, considerando-se que a parte aérea das plantas utilizadas, como a brachiaria, após a ceifa, funcionam como uma excelente cobertura do solo, aumentando o estoque de matéria orgânica. Além disso, nesse sistema é possível colocar animais de pequeno porte, quando usada uma cerca elétrica ou rede elétrica, fazendo o pastejo em faixas.

 

Ao fazer o consórcio do mamoeiro com a brachiaria, o produtor de mamão conseguirá atingir os mesmos objetivos anteriormente relatados para a consorciação com o café.

3. Cacau + brachiaria + floresta

(fonte: agricultura.gov.br)

 

Neste caso, as principais vantagens desse consórcio são controle de daninhas, de temperatura e a ciclagem de nutrientes. O cacaueiro é relativamente sensível e responsivo ao seu ambiente e precisa de sombreamento para se desenvolver bem, por este motivo, o consórcio com árvores faz toda a diferença.

 

4. Frutiovinocultura (consórcio de frutas com criação de ovinos)

 

A possibilidade de integrar a criação de animais com o cultivo de espécies arbóreas, como frutíferas, tem despertado o interesse de muitos produtores, em função de variar seus produtos.

 

Uma dessas possibilidades é a produção de ovinos com árvores frutíferas. Nesse caso, a criação de ovinos é complementar à fruticultura, com os manejos devendo se adequar às necessidades da fruta cultivada.

 

Esse tipo de integração é caracterizado pela subdivisão da área cultivada em várias parcelas, que serão pastejadas em rotação por um número controlado de ovinos. Esse sistema permite a manutenção dos animais na área da fruteira por 7 a 9 meses do ano, deixando a área livre no período de maior vulnerabilidade, como floração e frutificação.

 

Porém, para o sucesso desse sistema, é fundamental que a pastagem seja bem rotacionada, para que não falte alimento aos animais. Vale lembrar que os ovinos têm preferências pelas cultivares do gênero Panicum spp. (Panicum maximum cv. Aruana e Panicum maximum cv. Tamani).

 

As forrageiras do gênero Brachiaria brizantha, por sua vez, também podem ser usadas para pastejo de ovinos. Para tanto, há a necessidade de ajustes no manejo dessas gramíneas quanto à altura de entrada e saída dos animais do piquete (veja a altura de entrada e saída aqui).

 

A escolha da espécie frutífera também é importante. O coqueiro e a mangueira são bastante indicados, assim como a videira e a goiabeira, porém essas espécies são mais restritivas, exigindo um manejo mais cuidadoso. Para baratear e tornar mais eficiente o manejo, é interessante utilizar a cerca elétrica como ferramenta.

 

Veja também:

  • Pequi e vaca de leite. Cupuaçu, cacau, café e citros. Clique aqui!
  • Coqueiro, gliricídia e ovinos. Clique aqui!
  • Em quatro anos, a família produziu, nas entrelinhas das árvores, milho, feijão, mandioca, melancia, abóbora e, em 2017, instalou um cultivo de maracujá. Clique aqui!

 

Bônus: pimenta-do-reino + brachiaria

 

Recentemente, recebemos de um de nossos clientes essa combinação, da brachiaria também sendo usada entre a pimenta-preta, ou pimenta-do-reino, que é uma planta perene de clima tropical úmido e se beneficia da retenção de umidade da brachiaria no solo.

 

 

Em todos os casos, é importante utilizar uma semente de brachiaria, ou panicum de alta qualidade, para evitar levar pragas para sua lavoura. A SOESP Advanced é a melhor opção no mercado para ILPF, conheça: https://www.sementesoesp.com.br/produtos/

 

Quer saber mais sobre a importância da ILPF? Então veja como a integração contribui com o meio ambiente.